Ponte da Amizade: obra pioneira da engenharia e da diplomacia brasileira

É impossível pensar em Brasil e Paraguai sem lembrar da Ponte da Amizade

O cenário da época: o Paraguai iria completar 150 anos no dia 14 de maio de 1961. O então presidente, o general de Exército Don Alfredo Stroessner precisava fazer uma coisa grande, pois não é todo ano que um país pode celebrar um sesquicentenário. Que fazer para marcar a data e mostrar que o Paraguai estava no caminho certo do desenvolvimento?

A resposta foi inaugurar a Ponte Internacional da Amizade, que atravessaria o Rio Paraná e que uniria o Paraguai ao Brasil. A obra internacional coroava a Marcha para o Leste, um sonho paraguaio que acabava de ser realizado com a fundação da atual Ciudad del Este, no ano de 1957 e com a conclusão da estrada (Ruta) Coronel Oviedo-Puerto Stroessner, em 1959.

No dia 26 de janeiro de 1961, o presidente paraguaio Alfredo Stroessner encontra o presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, no meio da Ponte Internacional. Foi a primeira inauguração da Ponte Internacional Brasil-Paraguai. A ponte ainda não estava pronta. Os trabalhadores dos dois países colocaram tábuas para servirem como um andaime para os dois presidentes caminharem em segurança. Depois da primeira inauguração, os trabalhadores continuaram a obra, inaugurada em 27 de março de 1965. Desta vez, o general Stroessner se encontrou com o também general Castelo Branco (Presidente do Brasil naquele período).

Uma lembrança da primeira inauguração está no Museu Municipal de Ciudad del Este. É uma placa de bronze que celebra a construção da Ponte, sem deixar de lembrar que a ponte de concreto foi fruto da ponte diplomática que levou à assinatura do convênio para a construção de tal ligação. “Seja esta obra magistral da técnica e da indústria do Brasil o símbolo perene da União Solidária de duas Nações tão vizinhas como irmãs que assim honram aos comuns destinos dos povos de nossa América” – diz a placa comemorativa da primeira inauguração.

Obra magistral da técnica e da indústria não é exagero. A ponte de 552,4 metros de comprimento precisava ter um vão que estivesse a 18 metros da superfície da água mesmo em caso das grandes cheias. Uma delas, a de 1905, chegou a 30 metros acima do nível considerado normal. A construção desse arco de sustentação da obra exigiu muito esforço dos construtores brasileiros.

Em Volta Redonda (Rio de Janeiro), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) montou uma estrutura modelo feita em aço carbono com 157,3 metros de comprimento e peso de 1.200 toneladas para testar o arco da futura ponte. Depois da estrutura testada, ela foi desmontada e transportada em caminhões especiais para o canteiro de obras da Ponte, ao longo de 1.700 km de estradas, quando ainda não havia a BR-277. Ao longo do caminho, a peça não passava em muito trechos, obrigando a alteração rápida de muitos pontos das estradas, além do reforço emergencial de várias pontes.

Grandiosidade e desafio

Até o início da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a Ponte da Amizade era dona incontestável de todos os números superlativos do Brasil e considerada orgulho da engenharia brasileira com o seu maior vão de concreto armado do mundo sobre um rio caudaloso e imprevisível. Os jornais da época deitaram e rolaram com os números do material de construção utilizado: 21 mil quilos de cimento ou 350 mil sacos de cimento de 60 kg cada; 7 mil metros cúbicos de madeira, 2.300 toneladas de ferro; 130 toneladas de parafusos; 44 mil metros cúbicos de concreto; 1314 toneladas de aço e 80 toneladas de cabo de aço.

Revitalização

Ainda hoje, a Ponte Internacional da Amizade é a única ponte Brasil-Paraguai sobre o rio Paraná. A segunda ponte está em construção e ligará Foz do Iguaçu a Presidente Franco, outra cidade paraguaia vizinha a Foz. Isso significa que até aqui, a Ponte da Amizade continua rainha da integração entre os dois países. Recentemente foi reformada e recebeu melhorias, o que deixa a travessia a pé muito mais agradável. O percurso faz parte da rotina de trabalhadores brasileiros e paraguaios.

Abaixo, mais algumas fotos para admirarmos a beleza desta ponte.

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