Ciudad del Este: a segunda maior cidade do Paraguai

O pequeno centro comercial constitui-se por algumas quadras onde se localizam as lojas que atraem milhões de brasileiros todos os anos para as compras. Mas Ciudad del Este (CDE), não se resume só a isso. Fora dele, há todo um universo onde vivem os mais de 300 mil munícipes. Como capital de estado (que no Paraguai é conhecido como departamento), Ciudad del Este é a segunda maior cidade do Paraguai, e cabeça de uma área metropolitana que já passa dos 500 mil habitantes.

Perfil de Ciudad del Este visto desde Foz do Iguaçu

Juntos com os “esteños”- gentílico de quem nasce em Ciudad del Este, estão os moradores das cidades de Presidente Franco, onde localizam-se os Saltos do rio Monday, o Monumento Nacional Moisés Bertoni e o Marco paraguaio das Três Fronteiras; os moradores de Hernandarias, antiga Tapuru Puku, o centro da produção paraguaia na época da erva mate e hoje sede da Itaipu Binacional no Paraguai; Mingá Guazu, onde está o Aeroporto Internacional Guarani, um dos três das Tríplice Fronteira. É, também, portão de entrada para aventuras em reservas naturais como a de Mbaracayu, mantida pela Fundação Moisés Bertoni, a reserva Maharishi e as área de preservação da Itaipu Binacional, todas estas no Alto Paraná.

Saltos de Monday

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Uma cidade nova que se destacou

No dia 2 de fevereiro de 1957, um avião monomotor aterrissou em uma pequena pista de pouso em Presidente Franco, Paraguai, cidade que então abrigava a V Região Militar do país vizinho. A bordo estava, o então ministro do Interior do Paraguai, Edgar L. Ynsfran. Ele veio pessoalmente para organizar a recepção e trabalhos do dia seguinte, domingo, dia 3 de fevereiro de 1957.

Pedra Fundamental de Puerto Stroessner

No dia 3 pela manhã, dois aviões: Douglas DC 3, do Transporte Militar da Força Aérea do Paraguai, aterrissaram na pista de terra do Aeroporto do Parque Nacional do Iguaçu, como então se chamava o Aeroporto de Foz do Iguaçu, na região central, no que hoje são terras do 34º Batalhão de Infantaria Mecanizado.

Desembarcaram autoridades do mais alto escalão do governo paraguaio, lideradas pelo presidente da República, Alfredo Stroessner. Vieram todos os ministros, políticos e até o embaixador do Brasil em Assunção, João Luis de Guimarães Gomes. Logo após o desembarque, todos se dirigiram ao Porto Oficial de Foz do Iguaçu, de onde, em barcos, atravessaram até o barranco paraguaio do rio Paraná. A missão da comitiva era lançar a pedra fundamental para a construção da primeira cidade paraguaia. Local que, futuramente foi escolhido, também, para ser base da ponte que ligaria os dois países.

Museu Moisés Bertoni

No local escolhido, passava um pequeno córrego que desembocava em um dos braços do rio Acaray, afluente do rio Paraná, em frente à ilha brasileira de mesmo nome. Em uma breve votação decidiram rebatizar o local com um nome poético: Flor-de-Lis, associado à realeza europeia e símbolo de poder, soberania, honra, lealdade e pureza de corpo e alma. Os livros de história afirmam que Flor-de-Lis foi o primeiro nome de Ciudad del Este. O segundo foi Puerto Presidente Stroessner ou Porto Stroessner.

Diversidade

Se Foz do Iguaçu é conhecida por ser uma cidade de convivência entre diferentes etnias, Ciudad del Este não fica para trás. Embora seja difícil chegar a números exatos nos dois lados da fronteira, Ciudad del Este compartilha com Foz do Iguaçu a maioria das nacionalidades e etnias presentes no lado brasileiro. Também estão em Ciudad del Este: libaneses, chineses, argentinos, coreanos, sírios, jordanianos, indianos, paquistaneses, bengaleses (Bangladesh) e japonês. Nos dois lados, os números estão sempre em movimento. O Paraguai tem hoje mais coreanos e chineses que no lado brasileiro, por exemplo.

Europeus, sul-americanos e centro-americanos são representados em Ciudad del Este por populações ligadas ao comercio, estudo e trabalho, entre outros motivos. A esse número de etnias e nacionalidades, no caso de Ciudad del Este, se pode acrescentar os cerca de 15 mil brasileiros e brasileiras que estudam medicina na cidade paraguaia. Este é um fenômeno novo que não está passando despercebido pelas autoridades, estudiosos e cientistas sociais dos dois países.

Quando o assunto é religião, Ciudad del Este tem algumas particularidades que não ocorrem em Foz do Iguaçu. Tanto Foz do Iguaçu, como Ciudad del Este, possuem mesquitas tanto sunitas, quanto xiitas. Mas, a diversidade religiosa de CDE, quando se fala de populações estrangeiras, é maior. Um dos exemplos são as igrejas cristãs protestantes, tanto coreanas, quanto chinesas, representando várias denominações. Deste modo, não é difícil ver igrejas evangélicas coreanas e chineses, bem como, suas organizações de apoio e serviço social.

Ponte da Amizade

Outro grupo humano, mais presente em Ciudad del Este do que em Foz do Iguaçu, são os chineses de Taiwan. O Paraguai tem relações diplomáticas plenipotenciárias com a República da China (Taiwan), com direito a consulado geral em Ciudad del Este, embaixada em Assunção, associações e bancos. A população chinesa-taiwanesa, em Ciudad del Este, passa dos 15 mil membros. Quem também está presente por lá é a comunidade chinesa Hakka, uma minoria chinesa “han”, com forma própria do idioma. O grupo mantém uma associação ativa, que promove atividades com frequência.

Em uma fronteira sempre em movimento, a novidade agora é o iminente início da construção de uma segunda ponte entre Foz do Iguaçu (Brasil) e o Paraguai. Desta vez, com a cidade de Presidente Franco. Mais mudanças estão a caminho, numa fronteira em constante evolução, ativa e rica culturalmente.

Escrito por Jackson Lima | Produtor de Conteúdo

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